XIV FUMP

Mais um FUMP. Um Festival que, aparentemente, e tendo em conta o panorama musical dos nossos estudantes, não deveria durar catorze edições ininterruptas.
Quantos de nós apreciam o realmente tradicional da nossa cultura, da cultura de outros povos? Quantos de nós se interessam realmente pelo porquê daqueles trajes vianenses, o porquê daqueles gemidos flamencos, o porquê daqueles sapateares agressivos das sevilhanas? E os Pauliteiros, e os Caretos, e os gaiteiros de Miranda do Douro, e as flautas de tamborileiro, as violas campaniças, e os adufes?
Não muitos. Mas é objectivo destes poucos torna-los muitos mais.
Exemplo disso é este festival, organizado por estudantes ou antigos estudantes da Universidade do Minho, pertencentes à ARCUM - Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho. Aqui os Bomboémia, o Grupo de Música Popular e o Grupo Folclórico da Universidade do Minho tentam popularizar o popular, o que, note-se, não é qualquer pleonasmo! Queremos mostrar que as nossas raízes, o nosso folclore e as nossas tradições merecem um reavivar, porque não há nem pode haver incompatibilidades entre um passado e um presente. Uma concertina não é um instrumento parolo, usado em bailes de música pimba; uma gaita de foles não é um instrumento de velhos borrachões de Miranda do Douro.

A brincadeira com a palavra "Contradições" originou o tema do nosso FUMP. Com ou Contra? É a questão, mas vamos mostrar que a tradição não é apenas o reco reco, não é apenas a voz esganiçada da minhota, não é só a loiça de barro pintado. É possível a tradição no mundo contemporâneo. É possível ver a velhinha de Pitões das Júnias num Centro Comercial, e é possível meninas de 20 anos fazerem os mais belos lenços de namorados, tricotarem as mais belas meias...de Pitões das Júnias!Estamos agora mesmo a viver um boom étnico, um interesse pela música do mundo, pelas culturas africanas, asiáticas. Porque não começar um boom trado-portuga?